Lex

Falando Sobre o hugo Chavez

terça-feira, 12 de março de 2013
Camaradas, a mídia reacionária tanto fez, divulgou,e tentou difamar a imagem de Hugo Chavez perante a população incauta, que esses dias me lembrei de um vídeo totalmente excelente que tinha visto, uma verdadeira voadora  na cara desses falsos moralistas e conservadores, vale a pena assistir!!!!! Ele falou tudo! George Galloway, ativista e parlamentar britânico, na Universidade de Oxford, responde a um aluno, que aparenta ter sido educado por Olavo de Carvalho ou leitor assíduo da VEJA
Mas é claro que obviamente alguém que apoiava Chavez e seu legado político é um comunista herege comedor de criancinhas e destruidor da moral, da família, e dos bons costumes. Aham.
O Galloway expôs FATOS, que podem ser comprovados com uma pesquisa rápida no Google. Se você diz que ele tá falando uma "grande besteira", por favor, reforce isso, ao invés de repetir o que você viu na Veja ou no editorialzinho do William Waack.



Camaradas, após quase dois anos sem postar absolutamente nada (devido a problemas pessoais), voltarei com os posts normalmente, talvez não com a mesma frequência, mas sempre que der procurarei continuar postando aqui!

Por que Choramos?

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

No final da tarde de quarta-feira a imagem de um homem de meia idade ilustrava a página de entrada da Apple, seguida dos dizeres: Steve Jobs 1955-2011. Pouco tempo depois, multiplicavam nas redes sociais mensagens como: Vai se o gênio, fica um legado, um homem de futuro, um vencedor! Nas mesmas redes, vozes dissonantes expunham a base sob a qual se fundou tal império, e que futuro nos espera tendo Jobs como parâmetro. Entretanto, ecoavam no isolamento que tal compreensão se encontra em nossa sociedade.
Tratando dos fatos, o blog CEVIU, especializado em informações sobre vagas de emprego e tecnologia da informação e informática, anunciava: “Por contrato, funcionários da fábrica da Apple na China estão proibidos de cometer suicídio”.
Segundo o texto, “a Focxonn, responsável pela fabricação de aparelhos da Apple na China, obrigou que seus funcionários assinassem um acordo que prevê o não pagamento de indenizações para famílias de trabalhadores que cometam suicídio. A iniciativa veio após a 11ª tentativa de suicídio de funcionários da empresa em 2011. Só no ano passado, 13 empregados da Foxconn chinesa se suicidaram.
O acordo assinado pelos funcionários também autoriza que a Foxconn tenha autonomia para encaminhar para hospitais trabalhadores que apresentem qualquer sintoma de depressão ou comportamento estranho. O problema na fábrica é tão grande que no ano passado os prédios da empresa na China receberam redes de proteção com cerca de 3 metros de altura para evitar que trabalhadores se jogassem dos andares mais altos”.
A notícia não é novidade, já em junho de 2010, a Folha de São Paulo, comentava a repercussão do caso: “Não foi muito tempo dedicado à discussão do assunto, mas Steve Jobs disse que a Apple está “tentando entender” os suicídios na fornecedora chinesa Foxconn, durante o evento organizado pelo blog de tecnologia do diário “The Wall Street Journal”.
As respostas do gênio seguiram previsiveis: “Observamos tudo nessas empresas, e a Foxconn não é uma exploradora. Estamos todos debruçados nisso”. E também, “embora todo suicídio seja trágico, a taxa de suicídio da Foxconn é bem menor do que a média na China”, escreveu Jobs, em resposta ao fã da marca Jay Yerex.
Primeiramente, vale lembrar que toda empresa capitalista tem por pressuposto a exploração da força de trabalho para extração da mais valia. A exploração não é privilégio de ou de outro capitalista, é a base sob a qual o capital se sustenta.

"O trabalhador produz riqueza objetiva, mas sob a forma de capital, uma força que lhe é estranha, o domina e explora, e o capitalista produz também constantemente a força de trabalho, mas sob a forma de uma fonte subjetiva de valor, separada dos objetos sem os quais não se pode realizar, abstrata, existente apenas na individualidade do trabalhador..." No processo múltiplo das muitas consequências a incompreensão de todas as partes. Eis um pouco das origens dos dramas humanos engendrados por esta forma sistêmica.

Camaradas...Steve Jobs não entendia porque os trabalhadores da Foxconn se suicidavam (tão inteligente e não entendia isso). Foxconn tem suas fábricas localizadas em países no qual a renumercação da força de trabalho atinge níveis baixíssimos: Taiwan, Cingapura, Filipinas, Malásia, Tailândia, República Tcheca.

“A sociedade moderna é um deserto habitado por bestas selvagens. Cada indivíduo está isolado dos dem
ais, é um entre milhões, numa espécie de solidão em massa. As pessoas agem entre si como estranhas, numa relação de hostilidade mútua: nessa sociedade de luta e competição impiedosas, de guerra de todos contra todos, somente resta ao indivíduo ser vítima ou carrasco. Eis, portanto, o contexto social que explica o desespero e o suicídio” (MARX, 2006, página 16).


Neste domingo fazem 38 anos que Augusto Pinochet, o genocida general chefe das forças armadas chilenas, liderou um golpe militar que derrubou pela força o presidente Salvador Allende e deu início a uma das etapas mais obscuras na história do Chile, que deixou milhares de mortos e desaparecidos, convertendo a ditadura chilena em uma das mais sangrentas e um ícone mundial do que nunca mais deve-se fazer e permitir.

A imagem do palácio de La Moneda bombardeado segue sendo sinônimo de horror e tristeza e, por certo, um tema que segue dividindo os chilenos.
Mas este 11 de setembro não será igual. Se, no ano passado, a data foi classificada pelo governo de direita liderado por Sebastián Piñera, como a “mais tranquila em muitos anos”, graças a um forte aparato policial que conteve os manifestantes e à anestesia que ainda dominava a cidadania como efeito do terremoto e do tsunami que devastou grande parte do país, este ano a situação é bem diferente.

As manifestações massivas dos estudantes que obtiveram mais de 80% de apoio da cidadania, condensaram o descontentamento de muita gente com o fato de ter que se endividar para estudar, com a cobrança de juros abusivos nas universidades ou com a má educação. Some-se a isso as promessas não cumpridas da administração de Piñera, letra pequena em alguns projetos de lei apresentados na área da saúde ou da aposentadoria, por exemplo, mas que ocultam truques que só mantem o modelo neoliberal dominante no Chile.

“O governo de excelência de Piñera não tem nada de excelência, pois tem cometido inúmeros erros e não cumpriu suas promessas. Além disso, reprimiu de maneira exagerada as marchas de protesto, inclusive com a morte de um jovem (Manuel Gutiérrez, de 16 anos, assassinado pela polícia). “Eles exageraram a dose”, disse à Carta maior, Rodrigo Morales, sociólogo e pesquisador da Universidade do Chile.

“Existe uma efervescência social não vista há muito tempo”, reconheceu há alguns dias o general dos carabineiros José Luis Ortega, instituição que vem sendo questionada nos últimos dias. “Será um ano distinto. Há variáveis que não estavam presentes no ano passado e que vão influir diretamente. A morte desse jovem é uma bandeira de luta não somente para Santiago, mas para todo o país”, disse. Toda essa efervescência social que vem se desenvolvendo por quase quatro meses mudará o cenário dos protestos típicos do 11 de setembro.

A prefeitura metropolitana autorizou a tradicional marcha convocada pela Assembleia Nacional de Direitos Humanos para este domingo. O trajeto foi fixado com os organizadores e os carabineiros, sem garantir porém a possibilidade de desordens no trajeto que vai desde o centro de Santiago até o cemitério geral, onde um ato foi marcado. “Temos confiança que a marcha será realizada com respeito e tranquilidade, Em uma semana tão dolorosa para o Chile, na qual todos estamos comovidos pela tragédia aérea de Juan Fernández”, disse a prefeita Cecilia Pérez.

O certo é que desde o sábado foi reforçado o contingente policial em pelo menos 14 pontos conflitivos de Santiago, principalmente junto às populações periféricas. Algumas das numerosas marchas pela educação realizadas em Santiago e região terminaram com violentos enfrentamentos entre jovens com o rosto coberto e carabineiros. Além disso, nestes protestos, incluindo panelaços noturnos, a polícia reprimiu duramente, situação que começou a se repetir desde a noite.

A jornada deste domingo inclui, além da caminhada ao memorial pelas vítimas da ditadura no cemitério geral, a entrega de coroas de flores por mais de dez organizações de Direitos Humanos no monumento erigido em honra ao presidente Salvador Allende na Praça da Constituição, a alguns metros do palácio de La Moneda.

A presidenta da Agrupação de Familiares de Detidos Desaparecidos, Lorena Pizarro, contou à Carta Maior que situações como a morte do jovem Manuel Gutiérrez não serão mais toleradas. “Quando o governo de Piñera proibiu a marcha de 4 de agosto e houve grandes enfrentamentos, na marcha seguinte milhares e milhares de pessoas saíram às ruas. Ali ficou claro que ninguém está mais disposto a aceitar e viver isso no Chile. A violação dos direitos humanos é o pior. Se o povo às vezes adormece, bastou que acontecesse isso para ele reclamar e dizer basta. Não vamos aceitar que isso ocorra de novo”.

Por outro lado, a Corporação 11 de setembro celebrou um novo aniversário do Golpe de Estado que os, cada vez menos, seguidores de Pinochet qualificam como “uma segunda independência nacional”. Eles homenagearam os “combatentes” e “presos políticos militares”, atualmente encarcerados por violação dos direitos humanos.

A viúva do ditador, Lucía Hiriart, destacou o afeto que até o dia de hoje recebe por parte de muitas pessoas que valorizam o que seu marido fez pelo país. Neste domingo, foi realizada uma missa pelo ex-general do Exército, Augusto Pinochet, na Catedral Castrense de Santiago.

Tradução: Katarina Peixoto

McDonald’s e o inferno do trabalho

segunda-feira, 29 de agosto de 2011



Por Vivian Fernandes, no jornal Brasil de Fato:


Pesquisa aponta que o McDonald’s é a empresa que mais contrata no Brasil e uma das cem melhores empresas para se trabalhar no país. A avaliação divulgada nesta semana foi produzida pelo Instituto Great Place to Work – que atua no país em parceria com a revista Época (Editora Globo). No entanto, a rede de fast food é alvo de denúncias de funcionários e do Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis e Restaurantes de São Paulo (Sinthoresp). As principais denúncias são em função dos baixos salários e ambiente de trabalho degradante.



No último ano, em um acordo firmado com o Ministério Público do Trabalho (MPT) da 2ª Região, em São Paulo, o McDonald’s teve que pagar multa de R$ 13,2 milhões e cumprir uma série de adequações trabalhistas. Na investigação, o MPT comprovou várias irregularidades, como extensas jornadas de trabalho (com prorrogação além das duas horas extras diárias permitidas por lei), ausência do período mínimo de 11 horas de descanso entre dois turnos, falta de descanso contínuo de 24 horas pelo menos uma vez por semana e o cumprimento de toda a jornada em pé, sem local para repouso. Também foi constatado o fornecimento de alimentação inadequada aos seus funcionários, entre outros pontos.



Pesquisa a favor

O McDonald’s há 13 anos está na lista das melhores empresas para se trabalhar no Brasil. Nos sub-rankings, a empresa ocupa o primeiro lugar nas que mais contratam e com maior número de jovens. Também aparece entre as que possuem o melhor treinamento de funcionários (17º) e com maior número de mulheres (20º). A contratação é uma das práticas culturais analisadas pela pesquisa, como comenta a gerente de marketing do Instituto, Viviane Rocha.



“O que a gente viu no McDonald’s é que além dele ser a que mais contratou, ele tem um lado de uma preocupação muito grande de contratar alinhado com a cultura dele”. Ela também aborda o perfil jovem do trabalhador contratado pela rede. O que, para a pesquisa, justificaria a alta rotatividade de funcionários na empresa.



“O McDonald’s tem um estilo de contratar pessoas muito jovens, em início de carreira. É uma marca forte, na qual se consegue fazer um currículo bem feito. Mas para os funcionários, dentro da nossa pesquisa, a gente avalia que é um excelente lugar para trabalhar”.



A metodologia divulgada pelo estudo atribui peso de 67% para a opinião dos funcionários, através de 58 afirmativas fechadas e duas perguntas abertas. Os outros 33% são de respostas abertas vindas do setor de recursos humanos das empresas.



A pesquisa é lançada em uma edição especial da revista Época, no dia 20 de agosto, com o título de “Guia Melhores Empresas para Trabalhar 2011/2012”. No Brasil, foram avaliadas 923 empresas. O mesmo estudo é realizado em outros 45 países.



Sindicato contra

O Sinthoresp – que moveu a ação geradora da multa milionária ao McDonald’s –, recebe com frequência denúncias de funcionários. Entre as mais constantes estão aquelas sobre a jornada móvel e variável e a despensa de mulheres durante a gravidez. O advogado do Sindicato, Rodrigo Rodrigues, explica como é a remuneração neste tipo de jornada aplicada pela rede de fast food.



“Você tem 220 horas mensais para cumprir perante a empresa. Mas você pode trabalhar em um mês 40, 50 horas. E vai receber pelo horário trabalhado. Você pode receber R$ 650, como também R$ 50, R$ 100”.



O valor da hora trabalhada no McDonald’s é de R$ 2,38 – como divulgado em reportagem do jornal Brasil de Fato com o contra-cheque de um funcionário.



Para Rodrigues, a explicação para os índices de entrada e saída de trabalhadores na empresa está nos baixos salários e, também, nas condições precárias de trabalho.



“A rotatividade do McDonald’s chega a 90%. Mais que seis meses, dificilmente eles [os funcionários] ficam. Porque, primeiro, a jornada é muito extenuante. Na verdade, isso não é trabalho, é exploração. Ainda mais quando se trata de crianças e jovens de 14 a 18 anos”.



Atualmente, o Sinthoresp move ação na Justiça pedindo a aplicação a convenção coletiva proposta pelo Sindicato, que tem salários e benefícios melhores aos praticados hoje. Outra ação judicial importante foi a do Ministério Público no Paraná, que ganhou a ação contra a cláusula da jornada móvel e variável no Tribunal Superior do Trabalho no estado.


O revisionismo segundo Lênin

O surgimento do revisionismo

Desde o século 19 que o marxismo enfrenta uma tendência política no movimento comunista que se caracteriza por fazer a revisão da teoria marxista retirando dela sua essência revolucionária. Nas palavras de Lênin: “O marxismo, após travar uma dura luta contra as teorias burguesas, teve que enfrentar uma corrente hostil ao marxismo no seio do marxismo.”

Mas qual é o conteúdo ideológico dessa corrente hostil ao marxismo? Lênin, em seu artigo Marxismo e Revisionismo, de 1908, revela em profundidade este conteúdo do revisionismo:

“No domínio da filosofia: o revisionismo caminhava a reboque da 'ciência' acadêmica burguesa. Os professores 'voltavam a Kant' e o revisionismo arrastava-se atrás dos neokantianos ¹ ; os professores repetiam pela milésima vez as vulgaridades dos padres contra o materialismo filosófico, e os revisionistas, sorrindo condescendentemente, resmungavam (repetindo palavra por palavra o último manual) que o materialismo tinha refutado há muito tempo. Os professores tratavam Hegel como um 'cão morto' e, pregavam eles próprios o idealismo, mas um idealismo mil vezes mais mesquinho e banal que o hegeliano, encolhiam desdenhosamente os ombros diante da dialética, ... e substituindo a 'sutil' (e revolucionária) dialética pela 'simples' e tranqüila evolução; os professores ganhavam os seus ordenados do Estado acomodando os seus sistemas, e os revisionistas aproximavam-se deles (...), esforçando-se por fazer da religião 'assunto privado', não em relação ao Estado moderno, mas em relação ao partido da classe de vanguarda.

"Passando à economia política, temos de assinalar que nesse campo as emendas dos revisionistas eram muito mais variadas e circunstanciadas; esforçaram-se por sugestionar o público com 'novos dados' sobre o desenvolvimento econômico. (...) Diziam que hoje as crises se tornaram mais raras e mais fracas e que era provável que os cartéis e os trustes dessem ao capital a possibilidade de eliminar por completo as crises. Diziam que a 'teoria da bancarrota', para a qual marcha o capitalismo, é inconsistente por causa da tendência para as contradições de classe se suavizarem e atenuarem. Diziam, finalmente, que não seria mau corrigir também a teoria do valor de Marx de acordo com Böhm-Bawerk.² (...)

"No domínio da política, o revisionismo tentou rever o que realmente constitui a base do marxismo, ou seja, a teoria da luta de classes. A liberdade política, a democracia, o sufrágio universal destroem a base da luta de classes – diziam os revisionistas – e desmentem o velho princípio do Manifesto Comunista de que os operários não têm pátria. Uma vez que na democracia impera a 'vontade da maioria', não devemos ver no Estado, segundo eles, o órgão da dominação de classe nem negar-nos a entrar em alianças com a burguesia progressista, social-reformista, contra os reacionários.

"É indiscutível que essas objeções dos revisionistas se reduzem a um sistema bastante coerente de concepções, a saber: as sobejamente conhecidas concepções burguesas liberais. Os liberais disseram sempre que o parlamentarismo burguês suprime as classes e as diferenças de classe, visto que todos os cidadãos, sem exceção, têm direito de voto e de intervir nos assuntos do Estado”. (Lênin, Marxismo e Revisionismo. Obras Escolhidas, volume 1, Edições Avante)

A inevitabilidade do revisionismo na sociedade capitalista

Como se sabe, várias dessas vulgaridades continuam sendo afirmadas pelo revisionismo contemporâneo, ou seja, ontem como hoje o revisionismo possui o mesmo conteúdo ideológico: porta-voz das teorias burguesas. Na realidade, como esclarece Lênin no mesmo artigo citado acima, enquanto existir o capitalismo será inevitável a existência e o aparecimento do revisionismo:

“O caráter inevitável do revisionismo é determinado pelas suas razões de classe na sociedade atual. O revisionismo é um fenômeno internacional. (...)

“Em que se baseia essa inevitabilidade na sociedade capitalista? Por que é mais profundo que as diferenças decorrentes das particularidades nacionais e dos graus de desenvolvimento do capitalismo?

“Porque em qualquer país capitalista existem sempre, ao lado do proletariado, extensas camadas de pequena burguesia, de pequenos proprietários. O capitalismo nasceu e continua a nascer, constantemente, da pequena produção. O capitalismo cria de novo, infalivelmente, toda uma série de “camadas médias” (apêndice das fábricas, trabalho a domicílio, pequenas oficinas disseminadas por todo o país em virtude das exigências das grandes indústrias, por exemplo da indústria de bicicletas e automóveis etc.). Estes novos pequenos produtores vêem-se por sua vez lançados, também inevitavelmente, nas fileiras do proletariado. É perfeitamente natural que a mentalidade pequeno-burguesa irrompa repetidamente nas fileiras dos partidos operários amplos. É perfeitamente natural que isso se suceda, e assim sucederá sempre.” (Lênin. Obra citada.)

Portanto, a base do revisionismo está na própria existência das classes na sociedade e, em particular, nas camadas médias da sociedade capitalista.

O revisionismo e o imperialismo capitalista

Após a morte de Marx e Engels e contando sempre com o entusiasta apoio da burguesia, o revisionismo apossou-se da II Internacional Comunista. Tal hegemonia durou do final do século 19 até as duas primeiras décadas do século 20 e foi facilitada pelo fato de o mundo encontrar-se num período de desenvolvimento relativamente pacífico do capitalismo, o período anterior à Primeira Grande Guerra Mundial.

Quando explode a guerra e o capitalismo mostra-se definitivamente responsável pela matança de milhões de operários, a classe operária começa a compreender a oposição entre seus interesses e os da burguesia, bem como as reais razões para o apoio do revisionismo à burguesia. Tem início, então, um novo período caracterizado pela ascensão do marxismo revolucionário, como explica J. Stálin em Fundamentos do Leninismo:

“Entretanto, aproximava-se um novo período de guerras imperialistas e de lutas revolucionárias do proletariado. Os antigos métodos de luta tornavam-se, evidentemente, insuficientes e ineficazes perante a onipotência do capital financeiro. Era necessário rever toda a atividade da Segunda Internacional, todos os seus métodos de trabalho, eliminando a mediocridade, a tacanhez mental, a politiquice, a traição, o social-chauvinismo e o social-pacifismo. (...) Coube ao leninismo a honra de levar a cabo esta revisão geral e esta limpeza geral dos estábulos da Segunda Internacional”. (J. Stálin, Fundamentos do Leninismo, Editorial Estampa)

Assim, à medida que o capitalismo vai-se transformando em imperialismo capitalista, aprofunda-se também a relação entre o oportunismo e a burguesia imperialista. Lênin, em seu artigo O imperialismo e a cisão do socialismo, apresenta de maneira bastante clara o aspecto econômico dessa relação:

“Existe relação entre o imperialismo e a monstruosa vitória que o oportunismo (sob a forma de social-chauvinismo³ ) obteve sobre o movimento operário na Europa?

"Este é o problema fundamental do socialismo contemporâneo (...)

"Mais de uma vez, e não só em artigos, mas também em resoluções do nosso partido, assinalamos esta relação econômica, a mais profunda, precisamente entre a burguesia imperialista e o oportunismo, que agora (será por muito tempo?) venceu no movimento operário.”

Mais à frente, no mesmo artigo, Lênin responde à sua indagação:

“As duas tendências, mesmo os dois partidos do movimento operário contemporâneo, que tão claramente se cindiram em todo o mundo em 1914-1916, foram observadas por Engels e Marx na Inglaterra durante vários decênios, aproximadamente entre 1858 e 1892. Nem Marx nem Engels chegaram a conhecer a época imperialista do capitalismo mundial, que só se inicia entre 1898 e 1900. Mas já em meados do século 19 era característica da Inglaterra a presença de pelo menos dois principais aspectos distintivos do imperialismo: 1) imensas colônias e 2) lucros monopolistas (em conseqüência da sua situação monopolista no mercado mundial). Nos dois sentidos, a Inglaterra representava então uma exceção entre os países capitalistas e Engels e Marx, analisando esta exceção, indicavam de forma completamente clara e definida que estava em relação com a vitória (temporária) do oportunismo no movimento operário inglês.

"Numa carta a Marx, de 7 de outubro de 1858, Engels escrevia: 'O proletariado inglês vai-se aburguesando cada vez mais; a tal ponto que esta nação, a mais burguesa de todas, aspira a ter, ao fim e ao cabo, ao lado da burguesia, uma aristocracia burguesa e um proletariado burguês. Naturalmente por parte de uma nação que explora o mundo inteiro, isto é, até certo ponto, lógico.

"Marx escreve a Sorge em 4 de agosto de 1874:

"'No que se refere aos operários urbanos daqui (na Inglaterra), é de se lamentar que todo o bando de líderes não tenha ido ao Parlamento. Seria o caminho mais seguro para se livrar dessa canalha.'

"Numa carta a Marx, de 11 de agosto de 1881, Engels fala das 'piores trade unions inglesas (sindicatos ingleses), que permitem que as dirija gente vendida à burguesia, ou, pelo menos, paga por ela'". (Lênin. O imperialismo e a cisão do socialismo, Obras Escolhidas, vol. 2. Edições Avante)

Desse modo, com o aparecimento do imperialismo capitalista no século 20, o revisionismo se transformou também numa corrente política universal, presente em todos os países e em todos eles defendendo as mesmas concepções e idéias.

O suborno das camadas superiores da classe operária pelo imperialismo

Ao estudar essas novas manifestações do capitalismo em sua obra O imperialismo, fase final do capitalismo, Lênin revela que é graças aos extraordinários lucros dos monopólios que a burguesia consegue atrair para seu lado algumas parcelas do movimento operário:

“A obtenção dos elevados lucros monopolistas pelos capitalistas de um, entre tantos ramos da indústria, de um entre tantos países etc., oferece-lhes a possibilidade econômica de subornar certos setores operários e, temporariamente, uma minoria bastante considerável destes últimos, atraindo-os para o lado da burguesia desse ramo ou desse país, contra todos os outros. O acentuado antagonismo das nações imperialistas pela partilha do mundo aprofunda esta tendência. Cria-se assim vínculo entre o imperialismo e o oportunismo. Tal vínculo se manifestou, antes de outro lado qualquer, e de forma mais clara, na Inglaterra, devido ao fato de vários traços imperialistas de desenvolvimento aparecerem nesse país muito antes de aparecerem em outros”.

E:

“O imperialismo tem tendência para formar categorias privilegiadas também entre os operários e divorciá-las das grandes massas do proletariado...” (Lênin, O imperialismo, fase superior do capitalismo, Obras Escolhidas, vol. 2, Ed. Avante)

Já em seu trabalho O Socialismo e a Guerra, de 1915, Lênin mostra como os oportunistas transformaram a aliança até então secreta com a burguesia numa aliança aberta:

“A base econômica do oportunismo e do social-chauvinismo é a mesma: os interesses de uma ínfima camada de operários privilegiados e da pequena-burguesia, que defendem a sua situação privilegiada, o seu 'direito' às migalhas dos lucros obtidos pela 'sua' burguesia nacional com a pilhagem de outras nações, com as vantagens da sua situação de grande potência etc.

"O conteúdo ideológico-político do oportunismo e do social-chauvinismo³ é o mesmo: a colaboração de classes em vez da sua luta, a renúncia aos meios revolucionários de luta, ajuda ao 'seu' governo em situação difícil em vez da utilização das suas dificuldades para a revolução. Se

considerarmos todos os países europeus no conjunto, se não tivermos em atenção as personalidades isoladas (mesmo as de maior prestígio), verificaremos que foi precisamente a corrente oportunista que se tornou o principal esteio do social-chauvinismo, e no campo dos revolucionários se ouve quase por toda a parte um protesto mais ou menos conseqüente contra ele.” (Lênin, O socialismo e a guerra.Obras Escolhidas, vol.2)

E ainda:

“A burguesia de uma grande potência imperialista tem capacidade econômica para subornar as camadas superiores dos seus operários, dedicando a isso uma centena de milhões de francos por ano, já que os seus superlucros se elevam provavelmente a cerca de um bilhão. A questão de saber como se reparte essa pequena migalha entre os 'ministros operários', os 'deputados operários'... é já uma questão secundária”. (Lênin. O imperialismo e a cisão do socialismo. Obras Escolhidas, vol. 2. Ed. Avante)

Também em O imperialismo, fase final do capitalismo, Lênin esclarece qual é a base econômica do oportunismo:

"Onde está a base econômica deste fenômeno histórico universal? Encontra-se precisamente no parasitismo e na decomposição do capitalismo, inerentes à sua fase histórica final, quer dizer ao imperialismo.(...). A exportação de capitais dá rendimentos que se elevam a oito ou dez bilhões de francos por ano. É evidente que este gigantesco sobrelucro (visto que é obtido para além dos lucros que os capitalistas extorquem aos operários do 'seu' país) permite corromper os dirigentes operários e a camada superior da aristocracia operária. E os capitalistas dos países avançados corrompem-na de fato: fazem-no de mil e uma maneiras, diretas e indiretas, declaradas e camufladas."

E concluindo:

"Essa camada de operários aburguesados ou da aristrocracia operária, perfeitamente pequeno-burguesa por seu modo de vida, por seus salários, por sua concepção de mundo, constitui o principal apoio da Segunda Internacional e, hoje em dia, o principal apoio social (não militar) da burguesia. Por que são verdadeiros agentes da burguesia no seio do movimento operário, lugares-tenentes operários da classe dos capitalistas, verdadeiros propagadores do reformismo e do chauvinismo." (Lênin. O imperialismo, fase final do capitalismo. Obras Escolhidas, vol 5. Edições Avante)

Em outras palavras, com os superlucros extraídos da exploração e da opressão sobre dezenas de povos, a burguesia separa uma pequena parcela para subornar as camadas superiores dos seus 'operários', que, em troca, passam a defender as concepções burguesas no movimento operário e abandonam o marxismo revolucionário. É nesse contexto que surgem as afirmações do tipo 'Marx não previu isso e aquilo'; 'O leninismo não é mais válido para a atual época' etc., todas com o objetivo de embriagar as massas e defender a eternidade do capitalismo e da exploração. De fato, como a classe operária é a classe verdadeiramente revolucionária, tal estratégia, além de criar confusão e divisão entre os trabalhadores, é vital para a continuidade da dominação da burguesia sobre a humanidade. Dito de outra forma, para impedir o desenvolvimento da revolução, dos levantes operários e das lutas populares, os países imperialistas atraem lideranças dos trabalhadores que se disponham em troca de algumas migalhas a abandonar a defesa do marxismo revolucionário.

As propostas dos revisionistas para salvar o capitalismo

Dessa maneira, a atuação do revisionismo no interior do movimento operário busca obscurecer o conteúdo de classes do imperialismo e evitar que a luta do proletariado seja efetivamente uma luta pelo fim do capitalismo e do Estado burguês. Em justificativa, os revisionistas dizem que hoje a “distância entre a burguesia e o proletariado é menor e que a pobreza diminuiu”.

E se o capitalismo pode abolir a fome, o desemprego e a pobreza, qual seria, então, o objetivo do socialismo? Portanto, proclamam, não é mais necessário realizar uma revolução para melhorar a situação da classe operária: “Basta apenas trocar os governos, não precisa acabar com o sistema capitalista”.

A verdade, porém, é outra. A cada “avanço” do capitalismo, milhões de trabalhadores são desempregados e cresce a exploração. Uma multidão de homens, mulheres e crianças fica, então, privada de comer, de se alimentar minimamente. Por sua vez, os trabalhadores que continuam empregados vêem seus salários reduzidos e perdem vários de seus direitos. Logo, a classe operária, os camponeses, as massas populares no capitalismo estão excluídas dos benefícios de todos os avanços tecnológicos e condenadas ao desemprego e à pobreza.

Mas muito embora seja essa a realidade, os partidos revisionistas seguem apresentando propostas para obter melhorias nas duras condições de vida das massas que deixam intactas as bases dessa opressão, ou seja, as bases do imperialismo capitalista. Nesse sentido, apresentam uma “volta ao passado” como solução para as sucessivas crises econômicas, como, por exemplo, a volta da livre concorrência em substituição aos monopólios. Argumentam que, dessa forma, o capitalismo se desenvolveria mais rapidamente. Os defensores dessa posição pequeno-burguesa (no sentido ideológico e também econômico) preferem fechar os olhos à realidade e argumentam que, incentivando o pequeno e o médio capital, o capitalismo se desenvolveria melhor, teria mais sucesso. Porém, aonde levaria esse desenvolvimento melhor e mais rápido do capitalismo, senão ao monopólio privado? Aonde levaria esse monopólio privado, senão ao imperialismo capitalista, a essa brutal e desumana exploração e opressão dos povos do mundo inteiro?

Na realidade, quanto mais rápido for o desenvolvimento do capitalismo, mais intensa a concentração da produção e do capital que, por sua vez, leva ao monopólio. Pois, como revela Lênin, “O imperialismo surgiu como desenvolvimento e continuação direta das propriedades fundamentais do capitalismo em geral”. (Lênin. O imperialismo, fase final do capitalismo. OE. vol. 2)

Além disso, até a burguesia reconhece que hoje a produção está toda socializada. Logo, o que agora é preciso é socializar também as relações de produção. Portanto, por trás desse reacionarismo, o revisionismo esconde o real pavor que tem em dar o passo à frente que realmente necessita ser dado: apresentar a sociedade socialista em oposição à capitalista.

Assim, a crítica pequeno-burguesa do revisionismo ao imperialismo despreza a contradição entre capital e trabalho, a contradição entre burguesia e proletariado e não vê que a atual hegemonia do capital financeiro é resultado direto do desenvolvimento do capitalismo e não de tal ou qual política, de tal ou qual governo. Logo, o revisionismo atua não para colocar a descoberto as contradições fundamentais do capitalismo e sua incapacidade de solucionar as crises, mas sim para alimentar falsas ilusões nas massas trabalhadoras,

Em síntese, "a resposta do proletariado à política econômica do capital financeiro, ao imperialismo, não pode ser o livre-câmbio, mas somente o socialismo.”.(Hilferding, O Capital Financeiro.)

Mas isso não significa que os comunistas negam a lutam por reformas, como explica Lênin em seu artigo Marxismo e Reformismo:

"Os marxistas, diferentemente dos anarquistas, reconhecem a luta por reformas, isto é, por melhorias na situação dos trabalhadores que deixam como antes o poder nas mãos da classe dominante. Mas ao mesmo tempo os marxistas travam a luta mais enérgica contra os reformistas, que direta ou indiretamente limitam as aspirações e a atividade da classe operária às reformas". (Lênin. Marxismo e Reformismo, 1913. OE, vol. 2. Edições Avante)

O revisionismo e o “socialismo de mercado”

No final do século 20, um outro grupo de partidos revisionistas (os socialistas de mercado), sob o pretexto de que o mercado pode existir no socialismo, passou a defender a propriedade privada dos meios de produção e o desenvolvimento do capitalismo na sociedade socialista. Na verdade, esta posição teve início mesmo no final da década de 1940 com Tito na Iugoslávia, e em 1956 na URSS, com a ascensão de Nikita Kruschev após a morte de J. Stálin. Tanto Tito quanto Kruschev,

defendiam que a propriedade privada e o mercado em vez de algo transitório no socialismo, deveriam ser vistos independentes do modo de produção.

Hoje a China é, para esses revisionistas modernos, o exemplo perfeito do chamado socialismo de mercado, isto é, de um capitalismo disfarçado. De fato, desde que as chamadas reformas capitalistas foram implantadas na China, os trabalhadores chineses viram em várias regiões suas jornadas de trabalho aumentadas, os salários rebaixados (em algumas províncias a hora de trabalho chega a 35 centavos de dólar) e abolidos vários direitos sociais conquistados com a revolução de 1949. Aliás, é graças a essa superexploração dos trabalhadores que os capitalistas chineses e os monopólios internacionais obtêm grandes lucros, como também a China obtém seus altos índices de crescimento econômico. Para agravar ainda mais, o Estado tem privatizado empresas estatais e socializado as dívidas das empresas privadas, transferindo milhões dos cofres públicos para os bolsos dos capitalistas e deixando dezenas de milhares de trabalhadores desempregados.

Claro, que tal sistema econômico, nada tem de socialismo, embora tenha e muito de capitalismo, uma vez que além da venda da força de trabalho, temos a propriedade privada dos meios de produção. De fato, a produção capitalista começa onde os meios de produção estão concentrados em mãos de particulares, e os operários, privados desses meios, são obrigados a vender sua força de trabalho como mercadoria. Em outras palavras, o capitalismo é o sistema onde os meios de produção se encontram nas mãos da classe capitalista, como bem esclarece Marx:

“O modo de produção capitalista repousa no fato de que as condições materiais da produção acham-se em mãos de não-operários, na forma de propriedade em capital e terra, enquanto as massas são proprietárias apenas das condições pessoais da produção, isto é, da força de trabalho. Se os elementos de produção são assim distribuídos, daí resulta automaticamente a distribuição vigorante dos meios de consumo. Se as condições materiais de produção forem a propriedade cooperativa dos próprios trabalhadores, isso por sua vez resultará numa distribuição diferente dos meios de consumo, em relação à que predomina hoje. O socialismo vulgar (e daí, por seu turno, um setor da democracia) recebeu dos economistas burgueses a maneira de considerar e tratar a distribuição independentemente do modo de produção e, em conseqüência, de apresentar o socialismo como se voltando principalmente para a distribuição. Depois de há tanto tempo ter-se esclarecida essa questão, por que voltar de novo ao passado?”. (Marx, Crítica ao Programa de Gotha)

Por fim, vale lembrar, vez por outra, que embora todos os “socialistas de mercado” não crêem que seja necessária a propriedade coletiva dos meios de produção no socialismo, nunca encontramos um capitalista duvidando da necessidade da propriedade privada dos meios de produção no capitalismo ou defendendo a propriedade coletiva desses meios.

O revisionismo e a ditadura do proletariado

Uma outra dessas revisões (na verdade, deformações do marxismo) dos oportunistas é na questão do Estado. O revisionismo sempre ocultou o ponto de vista do marxismo sobre o Estado e sempre renegou a ditadura do proletariado, questão essencial na doutrina marxista.

Karl Marx, entretanto, sempre fez questão de esclarecer sua posição acerca do Estado burguês e da necessidade da ditadura do proletariado para a construção do socialismo. Sem dúvida, em carta a Weydemeyer de 5 de março de 1852, Marx afirmou categoricamente:

“No que me diz respeito, não me cabe o mérito de ter descoberto nem a existência de classes na sociedade moderna nem a luta entre elas. (...) o que eu fiz de novo foi o seguinte: 1) demonstrar que a existência das classes só está ligada a fases do desenvolvimento histórico da produção; 2) que a luta de classes conduz necessariamente à ditadura do proletariado; 3) que esta mesma ditadura não é mais do que a transição para a abolição de todas as classes e para uma sociedade sem classes...) (Carta de Marx a Weydemeyer).

Reafirmando essa posição do marxismo sobre o Estado, Lênin, em sua obra O Estado e a Revolução, sentenciou: “Só é marxista aquele que alarga o reconhecimento da luta de classes até o reconhecimento da ditadura do proletariado”. (Lênin. O Estado e a Revolução. OE, vol. 4)

E, ao analisar a guerra que o Partido Bolchevique e a classe operária tiveram que enfrentar para manter o poder proletário na Rússia contra a classe capitalista, Lênin destacou a importância da ditadura do proletariado para a vitória da revolução:

“A ditadura do proletariado é a guerra mais abnegada e mais implacável da nova classe contra um inimigo mais poderoso, contra a burguesia, cuja resistência é decuplicada pelo seu derrubamento (ainda que só num país) e cujo poderio reside não só na força do capital internacional, na força e na solidez das relações internacionais da burguesia, mas também na força do costume, na força da pequena produção. Porque, infelizmente, resta ainda no mundo muito, muitíssimo pequena produção, e a pequena produção gera capitalismo e burguesia constantemente, a cada dia, a cada hora, de forma espontânea e numa escala maciça. Por todas essas causas, a ditadura do proletariado é necessária, e a vitória sobre a burguesia é impossível sem uma guerra prolongada, tenaz, desesperada, de vida ou de morte; uma guerra que exige tenacidade, disciplina, firmeza, inflexibilidade e unidade de vontade". (Lênin, O Esquerdismo, doença infantil do comunismo. OE, t. 5)

Como vemos, os revisionistas defendem no marxismo apenas aquilo que julgam ser possível a burguesia aceitar, isto é:

“Os oportunistas extirpam do marxismo a sua alma revolucionária viva, reconhecem no marxismo tudo, menos os meios revolucionários de luta, a propaganda e a preparação destes, a educação das massas precisamente nesse sentido”. (Lênin, O Socialismo e a Guerra. OE,. vol. 2)

O revisionismo de esquerda no movimento operário

Mas, além do revisionismo de direita, os comunistas combatem uma outra corrente revisionista no movimento operário: o revolucionarismo pequeno-burguês. Lênin, em seu livro O Esquerdismo, doença infantil do comunismo, assim descreve esse outro revisionismo:

“Pouco se sabe no estrangeiro que o bolchevismo cresceu, formou-se e temperou-se, durante muitos anos, na luta contra o revolucionarismo pequeno-burguês, parecido com o anarquismo, ou que adquiriu dele alguma coisa, afastando-se, em tudo que é essencial, das condições e exigências de uma conseqüente luta de classes do proletariado. Para os marxistas está plenamente provado do ponto de vista teórico – e a experiência de todas as revoluções e movimentos revolucionários confirmam-no totalmente – que o pequeno proprietário, o pequeno patrão (tipo social muito difundido em vários países europeus e que tem caráter de massas), que muitas vezes sofre sob o capitalismo uma pressão contínua e, amiúde, uma agravação terrivelmente brusca e rápida de suas precárias condições de vida, não sendo difícil arruinar-se, passa-se facilmente para uma posição ultra-revolucionária, mas é incapaz de manifestar serenidade, espírito de organização, disciplina e firmeza. O pequeno-burguês 'enfurecido' pelos horrores do capitalismo é, como o anarquismo, um fenômeno social comum a todos os países capitalistas.

"São por demais conhecidas a inconstância e a esterilidade dessas veleidades revolucionárias, assim como a facilidade com que se transformam rapidamente em submissão, apatia, fantasia, e mesmo num entusiasmo 'furioso' por essa ou aquela tendência burguesa 'em moda'. Contudo, o reconhecimento teórico abstrato de tais verdades não é suficiente, de modo algum, para proteger um

partido revolucionário dos antigos erros, que sempre acontecem por motivos inesperados, com ligeira variação de forma, com aparência ou contorno nunca vistos anteriormente, numa situação original (mais ou menos original).” (Lênin, O Esquerdismo, doença infantil do comunismo, OE, vol. 5)

Assim, devido a essa oscilação ideológica, os revisionistas de esquerda perdem com extraordinária rapidez a fé na possibilidade de ligar o movimento revolucionário e o movimento operário e, conseqüentemente, de desenvolver um movimento revolucionário de massas capaz de enfrentar os exploradores e derrotá-los. Em vez de arregaçar as mangas e trabalhar com as reais contradições que as massas sofrem debaixo do capitalismo (a superexploração, o desemprego, os baixos salários, a carestia, a moradia etc.), desenvolvendo uma grande campanha de denúncias políticas e de agitação, preferem se dedicar a criar 'novos meios' para excitar o povo. Tal euforia pela criação de 'novos meios' de excitação chega ao ponto de transformar certas correntes do revisionismo de esquerda em entusiastas do terrorismo, como foi o caso do socialismo revolucionário na Rússia e é hoje dos senderistas.

Na realidade, o esquerdismo despreza a lei fundamental de todas as revoluções, qual seja, a de que, para as grandes massas trabalhadoras passarem para o lado da revolução, é essencial sua própria experiência de luta.

Por isso, Lênin advertia que sem derrotar o esquerdismo, o revisionismo de esquerda no movimento operário, é impossível os comunistas ganharem as amplas massas para a revolução e conquistar o poder. Conseqüentemente, o esquerdismo – tanto quanto o revisionismo de direita – é inimigo dos marxistas-leninistas e precisa ser combatido duramente. Pois, como destaca Lênin:

“Se a primeira tarefa histórica (ganhar para o Poder Soviético e para a ditadura da classe operária a vanguarda consciente do proletariado) não podia ser cumprida sem uma vitória ideológica e política completa sobre o oportunismo e o social-chauvinismo, a segunda tarefa, que é imediata e que consiste em saber atrair as massas para essa nova posição capaz de assegurar o triunfo da vanguarda na revolução, não pode ser cumprida sem liquidar o doutrinarismo de esquerda, sem extinguir completamente seus erros, sem desembaraçar-se deles”. (Lênin, O esquerdismo, doença infantil do comunismo, O.E., vol.2)

A atualidade da luta contra o revisionismo

Hoje, apesar de o revisionismo assumir uma nova forma e se apresentar na maioria dos países com novos nomes do tipo 'socialismo democrático', 'nova esquerda' e 'socialismo renovado', segue representando os mesmos interesses de classe e pregando a renúncia à luta pelo poder e ao papel revolucionário da classe operária. Por isso, continua a gozar do total apoio da burguesia e de seus meios de comunicação. Afinal, tudo o que mais a classe dominante deseja é ter homens e mulheres que, com credibilidade junto às massas trabalhadoras, defendam que não é preciso acabar com a propriedade privada dos meios de produção ou fazer revolução para melhorar a vida do povo.

Porém, as vitórias obtidas pelo revisionismo na segunda metade do século 20, comemoradas efusivamente pela burguesia mundial, foram, pouco a pouco, transformando-se em fumaça. De fato, os partidos revisionistas que na década de 1950 iniciaram o processo de ruptura com o marxismo-leninismo – e, para encobrir essa traição, deram amplitude às mentiras do imperialismo sobre J. Stálin – ao fim e ao cabo terminaram por se dissolver em diversos países, e os que restaram estão desacreditados. De fato, em diversos países, esses partidos mudaram de nome, abandonaram os símbolos da classe operária e terminaram por renunciar por completo e abertamente ao marxismo, assumindo sua condição de partidos burgueses.

Por outro lado, com a reanimação e a ascensão do movimento operário mundial, os comunistas revolucionários passam a contar com condições mais favoráveis para enfrentar e desmascarar o revisionismo perante a classe operária. Entretanto, tal vitória sobre o revisionismo só será definitiva quando os comunistas lograrem fundir o marxismo-leninismo com a classe operária e suas lutas, pois,

como sabemos, "se os operários assimilarem a doutrina de Marx, isto é, tomarem consciência da inevitabilidade da escravidão assalariada enquanto se conservar a dominação do capital, não se deixarão enganar por nenhuma reforma burguesa.” (Lênin. O Marxismo e o reformismo. OE, vol. 1)

Daí, a tarefa central do movimento comunista internacional ao lado do desenvolvimento do movimento revolucionário de massas e a defesa do marxismo-leninismo é a luta contra o revisionismo no seio do movimento operário, como aliás, também afirmou Lênin:

"Na realidade, a particular rapidez e caráter singularmente repulsivo do desenvolvimento do oportunismo não lhe garantem de modo nenhum uma vitória sólida, do mesmo modo que a rapidez de desenvolvimento de um tumor maligno num corpo são só pode contribuir para que o referido tumor rebente mais cedo, livrando assim dele o organismo... a luta contra o imperialismo é uma luta contra o oportunismo." (Lênin, obra citada)

Notas:

1. Eugen von Böhm-Bawerk (1851-1914) foi professor de Economia da Universidade de Viena, deputado e ministro das finanças da Áustria por duas vezes e escreveu, entre outros trabalhos, Elementos da Teoria do Valor Econômico dos Bens. Expoente da escola austríaca e do marginalismo, defendeu que o sistema capitalista repousa sobre leis naturais que não podem ser transgredidas quando se quer utilizar eficazmente as forças produtivas. Böhm-Bawerk combateu também as teorias socialistas sobre a exploração da força de trabalho pelo capital.

2. Neokantianos: representantes de uma orientação filosófica burguesa surgida em meados do século 19 na Alemanha. Sob a palavra de ordem "Voltar a Kant", os neokantianos defendiam a restauração das teses mais reacionárias e idealistas da filosofia de Kant, rejeitando os elementos de materialismo que ela continha, e lutavam contra o materialismo dialético e histórico.

3. Social-chauvinismo: social em palavras e chauvinista na prática.

Luiz Falcão, membro do Comitê Central do Partido Comunista Revolucionário

www.pcrbrasil.org


Camaradas, embora faça um bom tempo que não posto nada no blog, vamos refletir um pouco sobre o atentado ocorrido na Noruega.

Por que não podemos classificar o terrorista norueguês como ultra-capitalista? Por que temos que nos conformar com o rótulo na capa da revista Veja, que o chama de ultra-nacionalista, ou com as variantes usadas no restante das corporações de mídia? Estes meios de comunicação não são nem um pouco confiáveis em apontar os seus possíveis atiradores, terroristas, extremistas e outros tantos, que confundem muito mais do que explicam, digo isso porque logo após o atentado na Noruega, a mídia imediatamente após o tiroteio apontava o dedo para um providencial “extremista islâmico”? - versão que, aliás, não resistiu a 24 horas.

Mas será que não estamos sendo radicais? O capitalismo não prega genocídios? O capitalismo tem um lado humano? Uma ova que o tem.

Quando Marcelo Salles diz que o marginal norueguês é ultra-capitalista não estou pensando nos postulados de Adam Smith ou naquilo que é permitido que se publique a respeito do sistema que domina o mundo. Estou me referindo ao que é escondido (o trabalho escravo ou semi-escravo e a máquina de moer essa gente que trabalha por um salário mínimo de fome) e ao que está implícito, às sutis formas de produção e reprodução de subjetividades, que interferem nas formas de sentir, pensar e agir dos cidadãos e, conseqüentemente, da própria sociedade em que estes estão inseridos.

O assassino em massa que chocou o mundo agiu influenciado por doutrinas que pregam a concorrência violenta, o ódio ao próximo. Essa teoria que joga a culpa de tudo em estrangeiros, negros, gays, ou em qualquer um que seja diferente. É reducionista, mas funciona. Em vez de reconhecer os próprios defeitos, o que demanda tempo, reflexão e análise, basta jogar a culpa em alguém com quem a pessoa não se reconhece: o outro. Não me parece casual que o alvo do assassino tenha sido um acampamento da juventude socialista, que reuniu centenas de jovens de todos os cantos do mundo – inclusive do Brasil. O bandido criticava o multiculturalismo e chegou a dizer que esse era o grande problema do nosso país. Essa seria a razão para sermos uma sociedade “disfuncional”, de segunda classe.
É evidente que o genocida norueguês nunca assistiu a um desfile da Estação Primeira de Mangueira. E nem viu um Neymar da vida jogando. Muito menos teve a oportunidade de apreciar uma partida como a de quarta-feira, entre Flamengo e Santos. Ali, na Vila Belmiro, quando todos os deuses do futebol (que não são nórdicos, por suposto) baixaram simultaneamente em campo, ficou provada a existência de milagres. Esses milagres que permitem uma jogada como a do terceiro gol do Santos, quando o miscigenado Neymar fez com a bola algo que desafia a compreensão até mesmo dos deuses. Esses milagres que fizeram com que o Flamengo virasse uma partida após estar perdendo por três gols de diferença, sendo que o miscigenado Ronaldinho fez três e foi chamado de “gênio” pelo melhor jogador do mundo na atualidade. Foi um jogo que será lembrado daqui a cem a nos. Deve ser duro para os racistas ouvirem isso, mas a verdade é que esses milagres nascem justamente com a miscigenação que as teorias nazistas repudiam. Futebol e música soam melhor quando tem mistura, é assim em qualquer lugar do mundo. A propósito: o nazismo não era capitalista? Se não, o que era?

A dificuldade de se entender o discurso do premiê da Noruega é compreensível. Todos ficaram chocados quando ele afirmou que discursos de ultra-direita são legítimos. Isso porque as corporações de mídia não conseguiram traduzir para o bom português; preferiram fingir que ele não estava se referindo à ultra-direita, ou seja, a versão mais descarada do capitalismo. Para as corporações de mídia é melhor apostar na confusão do que mostrar ao povo brasileiro que seus sócios e amigos defendem, por exemplo, o cercamento de favelas. Ou o abandono da gente pobre. A tortura de traficantes varejistas.
Os tiros disparados na Noruega também ecoam nos Estados Unidos. O extremismo do assassino nórdico tem tudo a ver com o fundamentalismo neoliberal de mercado. Ambos reivindicam para si a verdade, como se existisse apenas uma, a deles. Ambos consideram-se pertencentes a uma casta superior. E ambos agiram com planejamento, método e frieza. Agora a maior economia do mundo anunciou tranqüilamente que pode dar um calote amplo, geral e irrestrito, mas não aparece um economista para entoar os cânticos de “irresponsável”. Onde estão os fiscais dos fundamentos da economia? Onde os que diziam que Lula quebraria o Brasil? Cadê a turma que defendia o modelo estadunidense como digno de ser seguido? Estão todos quietinhos, debaixo da cama, morrendo de medo.

O mundo não está nessa situação porque de vez em quando aparece um lunático disposto a tudo para fazer valer sua irracionalidade. Chegamos a este ponto porque o modelo de sociedade adotado pela maior parte do mundo não presta. Quem sabe a União de Nações Sul-Americanas – Unasul – aponte uma nova direção.

Marcelo Salles é jornalista, colaborador do www.fazendomedia.com e outros veículos de comunicação democráticos.



DESCRIÇÃO-AQUI.